Julho, mês do Sangue de Cristo
“Portanto, muito mais agora, que estamos justificados por Seu Sangue, seremos por ele salvos da ira”
O mês de julho é dedicado à devoção do
Preciosíssimo Sangue de Cristo, derramado pelo perdão dos nossos
pecados. São João Batista apresentou Jesus ao mundo dizendo: “Eis o
cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29). Sem o Sangue desse Cordeiro não há salvação.
São Pedro ensina que fomos resgatados
pelo Sangue do Cordeiro de Deus mediante “a aspersão do seu sangue” (1Pe
1, 2). “Porque vós sabeis que não é por bens perecíveis, como a prata e
o ouro, que tendes sido resgatados da vossa vã maneira de viver,
recebida por tradição de vossos pais, mas pelo precioso Sangue de
Cristo, o Cordeiro imaculado e sem defeito algum, aquele que foi
predestinado antes da criação do mundo.” (1Pe 1,19).
O Papa Bento XIV (1740-1748) ordenou a
Missa e o ofício em honra ao Sangue de Jesus, que foi estendida à Igreja
Universal por decreto do Papa Pio IX (1846-1878). São Gaspar de Búfalo
propagou fortemente essa devoção, tendo a aprovação da Santa Sé. Ele foi
o fundador da Congregação dos Missionários do Preciosíssimo Sangue
(CPPS), em 1815. São Gaspar nasceu, em Roma, aos 6 de janeiro de 1786.
O Papa São João Paulo II, em sua Carta Apostólica Angelus Domini, repetiu o que São João XXIII disse sobre o valor infinito do Sangue de Cristo, do qual “uma só gota pode salvar o mundo inteiro de qualquer culpa”.
O Sangue de Cristo representa a Sua vida
humana e divina, de valor infinito, oferecida à Justiça Divina para o
perdão dos pecados de todos os homens de todos os tempos e lugares.
“Isto é meu sangue, o sangue da Nova Aliança, derramado por muitos
homens em remissão dos pecados” (Mt 26, 28).
Em cada Santa Missa, a Igreja renova,
presentifica, atualiza e eterniza esse sacrifício expiatório pela
redenção da humanidade. Em média, quatro vezes por segundo essa oferta
divina sobe ao céu em todo o mundo, nas Missas.
O Catecismo da Igreja ensina que “nenhum
homem, ainda que o mais santo, tinha condições de tomar sobre si os
pecados de todos os homens e de oferecer-se em sacrifício por todos” (n.
616); para isso, era preciso um sacrifício humano, mas de valor
infinito. Só Deus poderia oferecer esse sacrifício; então, o Verbo
Divino dignou-se a assumir a nossa natureza humana para oferecer a Deus
um sacrifício de valor infinito. A majestade de Deus é infinita; e foi
ofendida pelos pecados dos homens. Logo, só um sacrifício de valor
infinito poderia restabelecer a paz entre a humanidade e Deus.
Assim, o Sangue do Senhor nos libertou do pecado, da morte eterna e da escravidão do demônio. São Paulo diz: “Portanto, muito mais agora, que estamos justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira” (Rm
5,9). Por Seu Sangue, Cristo nos reconciliou com Deus: “Por seu
intermédio, reconciliou consigo todas as criaturas, por intermédio
daquele que, ao preço do próprio sangue na cruz, restabeleceu a paz a
tudo quanto existe na terra e nos céus” (Cl 1,20).
Com o Seu Sangue, Cristo nos resgatou,
nos comprou, nos fez um povo Seu: “Cuidai de vós mesmos e de todo o
rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para
pastorear a Igreja de Deus, que ele adquiriu com o seu próprio sangue”
(At 20,29). “Por esse motivo, irmãos, temos ampla confiança de poder
entrar no santuário eterno, em virtude do Sangue de Jesus” (Hb 10,19).
“Cantavam um cântico novo, dizendo: ‘Tu
és digno de receber o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste
imolado e resgataste para Deus, ao preço de teu sangue, homens de toda
tribo, língua, povo e raça’.” (Ap 5,9)
Hoje, esse Sangue redentor de Cristo está
à nossa disposição de muitas maneiras. Em primeiro lugar, pela fé.
Somos justificados por esse Sangue, ensina São Paulo: “Mas eis aqui uma
prova brilhante de amor de Deus por nós: quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós. Portanto,
muito mais agora, que estamos justificados pelo seu Sangue, seremos por
ele salvos da ira” (Rm 5, 8-9). “Nesse Filho, pelo seu sangue, temos a
Redenção, a remissão dos pecados, segundo as riquezas da sua graça” (Ef
1,7).
Esse Sangue redentor está à nossa
disposição também no sacramento da confissão. Pelo ministério da Igreja e
dos sacerdotes, o Cristo nos perdoa dos pecados e lava a nossa alma com
o Seu precioso Sangue. Infelizmente, muitos católicos ainda não
entenderam a profundidade desse sacramento e fogem dele por falta de fé
ou de humildade. O Sangue de Cristo perdoa os nossos pecados na
confissão e cura as nossas enfermidades espirituais e psicológicas.
O Catecismo ensina que, pelo Sangue de
Cristo, a Igreja pode perdoar qualquer pecado: “Não há pecado algum, por
mais grave que seja, que a Santa Igreja não possa perdoar. Não
existe ninguém, por mau e culpado que seja, que não deva esperar com
segurança o seu perdão, desde que seu arrependimento seja sincero. Cristo
que morreu por todos os homens. Ele quer que, em sua Igreja, as portas
do perdão estejam sempre abertas a todo aquele que recua do pecado” (cf.
n. 982).
Esse Sangue está presente na Eucaristia:
Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus. “O cálice de bênção, que
benzemos, não é a comunhão do Sangue de Cristo? E o pão, que partimos,
não é a comunhão do corpo de Cristo? Do mesmo modo, depois de haver
ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a Nova Aliança no
meu sangue; todas as vezes que o beberdes, fazei-o em memória de mim.
Portanto, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor
indignamente será culpável do corpo e do sangue do Senhor ” (1 Cor
10,16-27).
“Em verdade, em verdade vos digo: se não
comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não
tereis a vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue
tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha
carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma
bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e
eu nele” (Jo 6,53-56).
É pelo Sangue de Cristo que os santos e os mártires deram testemunho de sua fé e chegaram ao céu: “Meu
Senhor, tu o sabes. E ele me disse: Esses são os sobreviventes da
grande tribulação; lavaram as suas vestes e as alvejaram no sangue do
Cordeiro” (Ap 7,14).“Estes venceram-no por causa do sangue do
Cordeiro e de seu eloquente testemunho. Desprezaram a vida até aceitar a
morte” (Ap 12, 11).
É pelo Sangue derramado que Ele venceu e se tornou Rei e Senhor:
“Está vestido com um manto tinto de
sangue, e o seu nome é Verbo de Deus. Um nome está escrito sobre o seu
manto: Rei dos reis e Senhor dos Senhores” (Ap 19,13-16).
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